Janeiro Branco: precisamos falar sobre a saúde mental!

Culturalmente, janeiro representa um mês de reflexões, planejamentos e mudanças. Para muitas pessoas, é o início de uma nova rotina, com a adoção de hábitos e atitudes que visam a um certo objetivo. E, durante o exame de consciência que esse processo demanda, é natural o surgimento de emoções que nos convidam a pensar profundamente sobre nosso sentido existencial e as relações sociais que estamos cultivando.

Nesta “folha em branco” em que continuamos escrevendo nossa história, é fundamental que a saúde mental seja sublinhada e tratada como prioridade. Com esse propósito, surgiu a campanha Janeiro Branco, que ganha ainda mais importância em virtude de dois cenários presentes em nossa sociedade, como destaca o Dr. Ivan Centelhas (CRM 125.578), médico psiquiatra do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus: a exigência pela felicidade constante e o contexto de pandemia que seguimos vivenciando.

“Há um risco em transformarmos os sentimentos de tristeza, pesar, preocupação, insegurança e medo em doenças psiquiátricas como depressão e transtorno de ansiedade social. Estamos vivendo uma época em que há exigência de felicidade constante, fazendo com que nos afastemos dos sofrimentos autênticos que fazem parte da vida. Sendo assim, o caminho para um cuidado com a saúde mental deve, em primeiro lugar, incluí-los e relativizar as expectativas neste tempo tão difícil que estamos vivendo, com pandemia, crises e indefinições para o próximo ano”.

Além de tratar com naturalidade os sentimentos indesejados e as frustrações, Dr. Ivan ressalta que as necessidades básicas e cotidianas de bem-estar pessoal também devem ser enfatizadas. “É importante a prática de uma atividade física, a alimentação saudável, a espiritualidade, a organização financeira e o lado comunitário, incluindo um contato com os amigos e ações solidárias. São situações que, independente do contexto, estão ao nosso alcance e que podemos nos organizar para realizar. Entretanto, se o sofrimento persistir e trouxer consigo prejuízo, é necessário procurar por uma assistência psicológica ou médica”.

Psicóloga do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus, Flavia Gozzoli (CRP 56.420) enfatiza que o autoconhecimento é uma ferramenta essencial para que entremos em contato com nossos próprios recursos, de forma a utilizá-los a favor do bem-estar físico, psíquico e mental.

“Quando conhecemos o que nos faz bem, descobrimos afinidades com nossa essência e, assim, podemos colocar em prática atividades que nos tragam prazer. São muitas ações que conseguimos escolher de acordo com as regras restritivas e também
considerando nossa satisfação”.

Entretanto, a psicóloga ressalta que a intensidade e a frequência de pensamentos intrusos, bem como a mudança de hábitos e a adoção de comportamentos negativos, podem evoluir para uma doença psíquica. “Inicialmente é importante observar se isso não é apenas reflexo do momento e também ter cuidado em não transformar sensações e emoções em transtornos ou disfunção emocional”.

Lembre-se: autocuidado também é um gesto de amor ao próximo! Cuide-se por você e por todos que te amam!