Campanha Nacional da Voz – 23ª edição: otorrinolaringologista dá dicas para o cuidado com a laringe

A Campanha Nacional da Voz chega à 23ª edição com o tema “O que sua voz tem a dizer sobre a sua saúde?”, que é patrocinada desde 1999 pela Academia de Laringologia e Voz e pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervicofacial (ABORL-CCF). O foco da campanha, além dos cuidados com a voz, é o diagnóstico precoce do câncer de laringe.

E, neste Dia Mundial da Voz (16/4), o médico otorrinolaringologista Dr. Oscar Araya (CRM 74.512/SP) chama a atenção nesta para o “abuso” da voz e os sintomas que podem alertar para doenças mais sérias, destacando fatores de risco, comportamentos que devem ser evitados e exercícios para garantir um pleno exercício da fala e do discurso.

Laringe: ferramenta de trabalho que precisa ser preservada

“A laringe, estrutura presente na região cervical anterior (altura do popular ‘gogó’), é formada por cartilagens e músculos e possui três funções de grande importância para o organismo: a respiratória, a protetora (evitando que alimentos cheguem ao pulmão) e a fonatória, que merece maior atenção nesta data especial. Afinal, através dela, o ar vai vibrar, chegar ao nariz e encaminhar a emissão do som. Ou seja, ela é uma ferramenta essencial de trabalho, pois milhões de profissionais, como vendedores, locutores de rádio e professores, precisam dela para sobreviver. Se abusarmos da laringe, ficaremos roucos e disfônicos, o que desencadeia um impacto econômico negativo muito grande. Portanto, ela precisa ser preservada e resguardada”.

Como cuidar da laringe?

  • Mantenha o nariz e o pulmão saudáveis

“O primeiro passo para cuidar da laringe é priorizar as vias aéreas superiores. Se a pessoa apresenta rinite alérgica ou sinusite mal tratada, possivelmente, terá alterações na laringe, pois ela fica no ‘meio do caminho’ entre o nariz e o pulmão. Então, manter o nariz e o pulmão saudáveis é essencial”.

A função do nariz é aquecer, limpar, umidecer e filtrar o ar, para que ele chegue em perfeitas condições ao pulmão – órgão responsável por realizar a troca gasosa. Caso haja algum fator obstrutivo nasal, a pessoa tende a respirar pela boca, prática que não ‘trata’ o ar da devida forma. Assim, ele entrará no organismo sem o devido preparo, prejudicando a laringe e a voz”.

  • Hidrate-se com frequência

“Beber muito líquido é fundamental para o cuidado com a laringe. Ao usar muito a voz, a hidratação precisa ser levada em consideração. Portanto, ao conceder uma entrevista ou ministrar uma palestra, é essencial ter ao lado uma garrafa d’água e respeitar intervalos de repouso – para que a musculatura consiga descansar”.

  • Evite alimentos e bebidas que irritam a laringe

“Para conservar a laringe, deve-se evitar bebidas alcoólicas e alimentos muito condimentados ou apimentados. A ingestão de café (ou bebidas ricas em cafeína), chá preto e energéticos também são prejudiciais porque podem facilitar o refluxo gástrico – desta forma, o ácido sobe e atinge a laringe, provocando tosse seca, pigarros ou rouquidão.”

  • Não abuse da laringe

“Uma das grandes dicas para conservação da laringe é não abusar dela. Ou seja: evitar gritos, não pigarrear e não realizar técnicas musicais sem preparo ou experiência (tal como o falsete, estratégia utilizada por grandes cantores)”.

  • Faça exercícios de aquecimento vocálico

“Antes de aulas ou palestras, é recomendado ‘aquecer’ a voz com exercícios direcionados, pois a laringe precisa ser preparada para situações de fala mais prolongada. Neste cenário, técnicas respiratórias e de relaxamento muscular são essenciais.

  • Doenças benignas da laringe

“O mau uso da voz também poderá causar doenças benignas, como calos (nódulos) nas cordas vocais. Eles surgem em consequência de um trauma incessante e constante na parte anterior da prega vocal devido ao mau uso e ao mau aquecimento. Tal doença começa com o cansaço faríngeo (sensação de cansaço das cordas vocais) e ressecamento da laringe. Pigarros também podem ser indicativos”.

Sinais de alerta

Atenção: sempre que tiver dores de garganta que não apresentam melhora; disfonia ou rouquidão por mais de 15 dias; tosse ou dor forte ao deglutir, procure um médico otorrinolaringologista para avaliação.