Embora seja conhecido como o mês de combate às Hepatites Virais, Julho também ganha a cor verde para destacar o Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço. Celebrada no dia 27, a data chama a atenção para um panorama delicado da saúde brasileira: de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), são previstos 41 mil novos casos da respectiva doença – que representa o quinto tumor mais frequente entre os homens e o 12º entre mulheres – em 2019.
Médica coordenadora da divisão de Oncologia do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus há cinco anos, Dra. Simone Felitti (CRM 94.349) alerta para o aumento do diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço entre jovens – faixa etária com destacada exposição aos principais fatores de risco da doença: tabagismo e etilismo.
“A estatística se elevou entre os jovens pela falta de prevenção e cuidado individual, pois se trata de um grupo etário que tem aumentado consideravelmente o consumo de álcool e drogas com o passar dos anos. Ademais, eles acabam expostos a outro fator de risco: a infecção por HPV (papilomavírus humano). Afinal, muitos possuem múltiplos parceiros sexuais, cultivando relações desprotegidas – inclusive na modalidade oral”, explica, antes de detalhar a terceira via mais comum para o desenvolvimento da doença.
“A associação do HPV na carcinogênese do tumor também merece muita atenção, pois é um fator de contribuição para o aumento dos diagnósticos. Afinal, os subtipos 16 e 18 desse vírus acabam por contaminar a cavidade oral – e muitos jovens sequer têm ciência de que há preservativo para essa modalidade de sexo. E, neste contexto, a má higiene bucal deve ser combatida, pois também representa um fator de risco”.
Além da vulnerabilidade dos jovens, Dra. Simone Felitti enfatiza outra estatística alarmante: 60% dos casos são diagnosticados tardiamente. “Essa descoberta implica diretamente na perda de qualidade de vida após o tratamento – que, normalmente, será concluído com cirurgia e (ou) quimioterapia e radioterapia. Na maioria das situações, o paciente apresenta comprometimento na fala e outras sequelas funcionais e psicológicas”, sublinha.
De acordo com a oncologista, os sintomas manifestados pelos quadros de câncer de cabeça e pescoço são: lesões na boca; dores na estrutura bucal; dificuldade para engolir; rouquidão persistente e linfonodos na região do pescoço. E, para o sucesso das medidas preventivas, a especialista destaca, além do fim do consumo de drogas, o incentivo à vacinação e a educação sexual.
“O jovem deve realizar sexo com preservativos, atentando para a questão dos múltiplos parceiros. E deve ser priorizada de igual forma a vacinação contra o HPV, disponibilizada gratuitamente pelo SUS (para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos). Em suma, são cuidados que devem ser destacados a todo o instante pelos respectivos pais e familiares, prezando pela integridade física e emocional de nossa juventude”.
Dra. Simone Felitti (CRM 94.349) é coordenadora e médica da divisão de Oncologia do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus há cinco anos. Graduada em Medicina pela Universidade São Francisco, é oncologista clínica há 18 anos – formada pela Santa Casa de Limeira (SUS)