“Novembro Azul vai muito além do câncer de próstata”, destaca urologista do HUSF

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Em continuidade à consagrada campanha do Outubro Rosa, novembro ganhou a cor azul para alertar a população sobre as doenças que acometem o público masculino – no dia 17 deste mês, comemora-se o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, enfermidade que mata, aproximadamente, 15 mil pessoas por ano no Brasil segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Tal enfermidade traz consigo um grande tabu junto aos homens, em virtude da dinâmica de um dos exames preventivos (toque retal).

Ainda que 65 mil novos diagnósticos de câncer de próstata surjam a cada ano em nosso País, os outros tumores exclusivamente masculinos merecem igual atenção. Para elucidar tal contexto, o Dr. Marcos Castro (CRM 64.057), membro do corpo docente da Universidade São Francisco (USF) desde 1991 e médico urologista do Hospital Universitário São Francisco na Providência de Deus, respondeu às questões mais frequentes sobre a saúde masculina, alertando ainda para os cânceres de pênis e testículo.

[HUSF] Qual a importância do diagnóstico precoce para o tratamento do câncer de próstata?

[Dr. Marcos Castro] O Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que os pacientes responsáveis por realizar o rastreamento precoce têm 90% de chance de cura. E tal procura não deve ser feita apenas na terceira idade. Homens que possuem irmãos ou pai com diagnóstico anterior de câncer de próstata devem realizar o exame rotineiro anualmente a partir dos 40 anos, nos outros casos (sem incidência familiar próxima), dos 45 anos aos 49 anos.

[HUSF] Os estágios iniciais do câncer apresentam sinais ou sintomas?

[Dr. Marcos Castro] Não. O câncer de próstata traz consigo um aspecto silencioso. Assim, amplia-se a importância das avaliações anuais. O segredo para a cura é encontrar a doença no estágio inicial – ou, como diz o jargão popular: “achar o bicho no ninho”.

[HUSF] De que forma a tecnologia tem colaborado nos últimos anos para diminuir o índice de mortes de homens com câncer?

[Dr. Marcos Castro] Temos, atualmente, três armamentários para nos auxiliar no diagnóstico: o exame de toque retal, o exame de sangue PSA e a ressonância nuclear magnética, que nos auxilia, principalmente, quando há ambiguidade. Ademais,  o serviço de radioterapia, com sua tecnologia de ponta, é de suma importância neste contexto, fazendo com que haja mais radiação e menos efeitos adversos (radioterapia conformacional ou intensidade modulada). 

Por sua vez, quanto ao tratamento cirúrgico, a tecnologia tem sido fundamental para a realização das cirurgias laparoscópicas (robóticas), que aceleram o processo de recuperação por serem minimamente invasivas (o procedimento é cumprido através de pequenos furos no paciente). No entanto, a cirurgia tradicional (aberta) continua se mostrando eficaz.

[HUSF] A questão do tabu para a realização dos checkups tem diminuído perante os homens?

[Dr. Marcos Castro] Sim. Felizmente, temos observado que os pacientes têm procurado mais precocemente os serviços urológicos para a realização dos exames rotineiros. Neste contexto preventivo, precisamos exaltar o papel da mídia e dos familiares na disseminação de informações e, principalmente, no incentivo.

[HUSF] Muito se fala em câncer de próstata durante as campanhas do Novembro Azul, mas quais são as outras enfermidades que devem ser enfatizadas neste contexto preventivo?

[Dr. Marcos Castro] O Novembro Azul vai muito além do câncer de próstata. Ele é uma campanha que enfatiza os cuidados masculinos em geral. Merecem igual atenção os cânceres de pênis e testículo.

O câncer de pênis, por exemplo, apresenta a mesma incidência do câncer de próstata em alguns municípios do interior nordestino. Ele está relacionado à má higiene dos órgãos genitais. Neste caso, toda lesão ou ferida que surgir no pênis e durar mais de 30 dias deve exigir biópsia.

Por sua vez, o câncer de testículo é o câncer sólido mais frequente nos homens dos 20 aos 35 anos de idade. Assim, do mesmo modo que as mulheres realizam o autoexame da mama, os homens devem apalpar o testículo a fim de identificar algum nódulo ou caroço, uma vez a cada duas semanas. Caso seja identificado, é necessária a consulta urológica ou ultrassonografia para o diagnóstico do tumor.